sexta-feira, 12 de março de 2010

Carreiras: geofísico explora o interior da terra para descobrir a riqueza do subsolo

Pré-sal aquece mercado de trabalho

Antes mesmo de começarem as aulas, a disciplina do professor Manuel Iván Zavallos Abarca já provoca discussão nos corredores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus de Caçapava do Sul.

Peruano, ele é responsável pela cadeira de sismologia do curso de Geofísica. Trata-se da área que estuda os sismos (tremores de terra), as suas causas e os seus efeitos. Manuel já consegue ver a sala de aula lotada, com estudantes atentos às explicações sobre fenômenos como os registrados no Haiti e no Chile.

– Pois é, estamos na moda agora. O interesse pela sismologia está incrementado, é só o que se comenta por aqui, e nem começaram as aulas ainda. O semestre promete render muito – diz o professor.

A Unipampa é a única no Estado a oferecer essa graduação. A instituição foi a quinta universidade brasileira a oferecer Geofísica. O curso funciona desde 18 de setembro de 2006 no campus de Caçapava do Sul, região que é foco de estudos de geocientistas. Até então, a opção existia apenas na Universidade Federal da Bahia, na Universidade Federal Fluminense, na Universidade Federal do Pará e na Universidade de São Paulo.

– A geofísica, de uma forma simplória, pode ser explicada pelo próprio nome, uma união da geologia com a física. Estudamos os materiais terrestres, como as rochas, a partir das propriedades físicas desses materiais – conta o professor César Augusto Moreira.

Pré-sal aquece mercado de trabalho

Ele explica que a ciência pode ser aplicada em diversas áreas, como na Engenharia Civil, na Meteorologia, nas telecomunicações e na exploração de minérios e de petróleo. Aliás, é o petróleo que mais absorve geofísicos no Brasil, e a perspectiva do pré-sal alimenta a expectativa de um mercado de trabalho aquecido pelos próximos anos.

Mas pode estar em solo gaúcho um bom motivo para os primeiros formandos da Unipampa, que concluem o curso no meio deste ano, ficarem por aqui. Segundo o professor Moreira, houve uma retomada de pesquisas na região de Caçapava a partir de 2000. Minas fechadas devem ser reabertas graças ao trabalho de geofísicos.

Quem torce por essa possibilidade é a estudante Ana Carolina Oliveira dos Santos, 21 anos. Ela é um dos oito primeiros alunos de Geofísica que vão se formar neste ano no Estado. Natural de Caçapava do Sul, ela sempre foi boa no colégio em matemática, física e geografia. Quando descobriu a graduação que unia essas disciplinas, não teve dúvida.

– É uma das possibilidades ficar aqui na região. Temos reservas de calcário e uma mina de cobre. Mas sei que o Rio de Janeiro segue como um grande destino quando se atua com a exploração petrolífera – afirma Ana.

>>Terremotos no Brasil?

De acordo com o professor Manuel Iván Zavallos Abarca, professor de sismologia na Unipampa, chegará a vez do Brasil sentir o efeito dos terremotos. O pior é que o Rio Grande do Sul está bem na rota desse fenômeno. Segundo ele, será algo para nos preocuparmos daqui a 200 anos.

– Não será pelos mesmos motivos dos terremotos do Chile e do Haiti. Naqueles locais, foi por causa do atrito entre placas tectônicas. E o Brasil está bem no meio de uma dessas placas – diz o especialista.

Segundo ele, o problema para os gaúchos chama-se Bacia do Paraná. Uma bacia sedimentar que está sob o centro-sul do Brasil, pegando também partes da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. Trata-se de uma depressão na superfície que, com o tempo, foi sendo preenchida por sedimentos de vários tipos.
– Com a força da gravidade, esses sedimentos vão afundando aos poucos, cada vez mais. Essa dinâmica é que deverá provocar terremotos – explica.

Geofísica
- O que faz: investiga as propriedades físicas do interior da Terra. Estuda partes profundas do planeta, utilizando instrumentos e métodos como gravitacional, magnético, elétrico e sísmico para obter informações úteis sobre a estrutura e composição de zonas inacessíveis.
- Mercado: áreas de petróleo, ambiente e mineração são as que mais se utilizam dos geofísicos, que buscam dados (em escalas global, continental ou local) que têm relevância, como a previsão de fenômenos naturais (terremoto, vulcanismo), impacto ambiental, exploração de recursos naturais, implantação de obras de engenharia civil e monitoramento de atividades da arqueologia.
- O curso: dura quatro anos
- Remuneração: segue o piso do engenheiro, de seis salários mínimos por seis horas de trabalho.
- Onde estudar
Pública: Unipampa

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